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ENGENHOS
São denominados engenhos as propriedades rurais destinadas ao cultivo da cana-de-açúcar e fabricação do açúcar, sendo constituídas basicamente por quatro construções: casa grande, localizada na parte mais alta e onde morava a família do senhor de engenho; capela, onde eram feitos os cultos católicos; fábrica, também chamada de moita, onde era instalada a moenda, moída a cana, extraído e cozinhado o caldo e branqueado o açúcar, e a senzala, onde habitavam os escravos. 
Atualmente são conhecidos como engenhos as propriedades dedicadas ao cultivo da cana-de-açúcar, podendo também manter outras culturas, sem necessariamente cuidar do processamento do açúcar.


História dos Engenhos
Os engenhos tipo “bangüê” eram movidos a tração humana, animal ( engenho trapiche ) ou rodas-d´água ( engenho real ) e produziam açúcar mascavo ( demerara ), que depois era submetido a um processo de alvejamento utilizando argila, destinado à exportação. Os engenhos que produziam rapadura para ser vendida no mercado interno eram denominados de engenhocas.
Era comum o ditado que para se ter um bom engenho, eram necessárias, em ordem de importância: boas terras, para plantio; água para acionar moendas; matas próximas, para suprimento de lenha; 50 peças de bons escravos, para limpeza de área e plantio da cana-de-açúcar e 50 juntas de bois, para transporte da cana-de-açúcar.
Registros indicam que de 1842 a 1852 foram instalados 137 engenhos em Pernambuco, tendo como novidades as tecnologias em cozimento e as centrífugas, desenvolvidas por Alfredo e Eduardo Mornay. Em 1852 foram substituídas as caixas de madeira pelos sacos de pano para o transporte do açúcar.
Em Pernambuco, por volta de 1870 - 1890 apareceram as usinas, em substituição aos engenhos e meio aparelhos, buscando fazer frente ao mercado europeu, que explorava a cultura da beterraba e da cana-de-açúcar das Antilhas e Cuba, então colônia espanhola. Observa-se que de 1874 a 1884 foram implantadas seis usinas, sendo a primeira delas a de São Francisco da Várzea, em 1875.
A partir de então os engenhos deram lugar às usinas, que utilizavam o poder econômico para barganharem preços de fornecimento, chegando muitas a adquirirem e fecharem as fábricas dos engenhos, ficando com a posse das terras para o cultivo da cana-de-açúcar.
Lamentavelmente a maioria das casas de senhores de engenho foram demolidas, para darem lugar às plantações de cana-de-açúcar ou evitar invasões quando desocupadas, Quanto às fábricas, foram desmontadas e sucateadas.


Engenhos de São José da Coroa Grande
O município é formado pelos engenhos Pau Amarelo, Boa Vista, Gindhy, Boca da Mata, Campinas, Mundo Novo, Arassú, Serra d´Água, Queimadas, Manguinhos, Brejão, Morim e Tentugal, merecendo estes dois últimos menções à parte, dada a importância histórica e também ambiental, como o caso do Engenho Morim. Ressalta-se que somente os engenhos Morim, Brejão e Manguinhos ( Fazenda Manguinhos ), estão em mãos de particulares, sendo os demais transformados em assentamentos administrados pelo INCRA, aguardando demarcação e desmembramento de terras. Merece registro ainda a Fazenda São Francisco, situada entre os engenhos Queimadas, Arassú e Morim, com 280 ha, que também é uma propriedade particular.
Ao visitar os engenhos, conversando com seus proprietários, arrendatários, posseiros, assentados e demais habitantes, buscando observar e entender as condições de vida, é possível estimar e até quantificar quão lastimável é a situação por que passam, principalmente comparando com tempos atrás, não muito longe, visto que, quando da efervescência da indústria açucareira, os engenhos se constituíam em pontos de riqueza, sendo os senhores dotados de grande prestígio.
Os engenhos atualmente podem ser comparados a aldeias quase esquecidas, sendo que alguns se encontram em estado de abandono e até tendo seu nome original modificado, como é o caso do Engenho Serra D´Água, com a nova denominação de Assentamento Nova Esperança, como se fosse para esquecer o passado. Observa-se ainda que os engenhos agora são denominados de assentamentos, sob a coordenação de movimentos sociais como o MST, MTL e MTB, que por não trabalharem de uma forma unida e em sinergia, não somam forças para minorar os problemas que são comuns.
Para alguns habitantes incluídos na lista do INCRA, que estão aprisionados à terra que por direito ainda não é sua, pois mesmo desapropriadas ainda não foram desmembradas, restam esperanças, se não de desenvolvimento, pelo menos de uma melhor condição de vida, mas para outros, que não estão na referida lista por algum motivo, não existem alternativas, a não ser que haja uma abrangente política social e estruturadora, mas isso não alimentam seus sonhos, pois se trata de uma utopia.
Merece ressaltar ainda que, pela condição cultural de grande parte dos assentados, que até então eram colonos acostumados apenas a cumprir tarefas, sem visão de agricultores ou pecuaristas, existe uma tendência de que, mesmo depois de feito o desmembramento, as terras não sejam cultivadas adequadamente, servindo à finalidade de terras produtivas almejadas por tais movimentos sociais, e até repassadas a terceiros, mesmo de forma irregular.
As estradas que interligam os engenhos e fazem conexão com a rodovia PE 060 são carroçáveis, entre canaviais, coqueirais e matas, encontrando-se sempre em péssimas condições de tráfego que, com raras exceções, não oferecem sequer condições de acesso nos períodos chuvosos, impossibilitando os deslocamentos em veículos motorizados convencionais. Tal condição faz com que os habitantes tenham que se deslocar à pé ou utilizando bicicleta ou cavalo, significando uma condição lastimável, principalmente para os mais idosos e os que necessitam de acesso aos serviços de saúde e mercados ou feiras.
Para se ter uma idéia da forma precária de sobrevivência, na maioria dos engenhos somente em 1998 foi instalada a luz elétrica e ainda em 2003 a maioria das casas não possui sanitários adequados e outras sequer tinham fossa ou bacia sanitária.
Os desafios inerentes às péssimas condições de vida são agravados pela cultura da prole sem controle, fazendo com que não seja raro encontrar famílias com mais de quinze membros morando em uma casa com dois quartos e mães de famílias com pouca idade e pelo menos 12 filhos. Um misto de ignorância, medo e preconceito faz com que se possa encontrar uma mulher de 40 anos com 18 filhos ainda com condições de procriação.
Há também de se lamentar que, exceto a casa grande do Engenho Morim, que se encontra em bom estado de conservação, e a do Engenho Campinas, transformada em um verdadeiro pardieiro, em completo estado de abandono e ocupada por assentados, todas as demais foram demolidas, representando um crime contra o patrimônio histórico e cultural.


Senhores de Engenhos
Na região de São José da Coroa Grande, antes da Usina Central Barreiros adquirir quase todos os engenhos, registros indicam que eram senhores de engenhos: Júlio Celso de Albuquerque Bello, do Engenho Queimadas; Sinhô, do Engenho Tentugal; Sinhazinha Dondon ( esposa de Estácio de Albuquerque Coimbra ), do Engenho Manguinhos; Antônio da Rocha de Holanda Cavalcanti, o Barão de Gindahy, do Engenho Gindahy; Cel Francisco Ferrão Castelo Branco e depois Estácio de Albuquerque Coimbra que casou com sua filha mais velha Joana, do Engenho Morim; Dr. Silvestre da Rocha Wanderley do Engenho Arassú; Alice Belo, do Engenho Brejão, João Manzi, do Engenho Pau Amarelo
Registra a história, contada pelos mais velhos, que Gilberto Freyre, secretário particular de Estácio de Albuquerque Coimbra, muito se inspirou nos engenhos Morim, Tentugal e Queimadas, para escrever parte do livro Casa Grande & Senzala, tendo o sociólogo escrito o prefácio do livro “Nordeste” no Engenho Queimadas em 1936, conforme consta na 2a edição, da Livraria José Olympio Editora – 1951.


Engenho Serra d´Água
O engenho, que está localizado a cerca de 6 km da PE 060, tendo como coordenadas geográficas do arruado 080 51´26” S e 0350 11´45”W.
Conta com 49 casas cadastradas, onde moram cerca de 230 adultos e 240 crianças e está cortado pelo Riacho Meireles, de onde se tirava água para lavar, cozinhar e até beber, sendo também o local onde muitos habitantes, em especial as crianças tomam banho.
Trata-se de uma comunidade pobre, sem qualquer estrutura de apoio, onde somente no ano de 1998 ocorreu a instalação de luz elétrica.
Uma escola atende às crianças e uma agente de saúde, que também é agente comunitária e parteira cuida dos primeiros socorros.
O lixo gerado é disposto a céu aberto e em local indefinido, representando um risco à população local quanto à proliferação de pragas.


Engenho Queimadas
O engenho está localizado a cerca de 3 km da PE 060, tendo como coordenadas geográficas do arruado 080 53´11”S e 0350 10´29”.
Um arruado com pouco mais de 10 casas, uma igreja e algumas construções é o que restou de um dos mais famosos engenhos da região, onde havia a casa grande do senhor Júlio Belo, considerada uma das mais belas casas de engenho do Estado de Pernambuco, tendo sido demolida para dar lugar às plantações de cana-de-açúcar.

Engenho Arassú
O engenho, que tem a grafia com “ss”, em concordância com documentos da então Freguizia de São Miguel de Barreiros, está localizado a cerca de 6 km da PE 060, tendo como coordenadas geográficas do arruado 080 53´14”S e 0350 12´12” W.
Em grande parte da região do engenho, que conta com 38 famílias, os moradores cultivam a terra e criam gado e outros animais, ressaltando-se que somente em 1998 foi instalada a luz elétrica, sendo a água é oriunda de cacimba.
No centro do arruado existia uma elevação onde está localizada as ruínas da capela de Nossa Senhora da Saúde, pelos levantamentos feitos.

Engenho Manguinhos
Está situado a cerca de 1 Km da PE 060, tendo como coordenadas geográficas do arruado 080 52´37”S e 0350 09´13”W.
É composto por dois arruados, distantes entre si de aproximadamente 500 metros, onde estão localizadas cerca de 20 casas, todas construídas de forma geminadas. Um barracão desativado, mas em bom estado de conservação, representa a época do transporte de açúcar por locomotivas com destino ao porto da Praia do Gravatá. Engenho Manguinhos atualmente foi loteado e os terrenos e estão a vendas e em breve será um dos melhores lugar para morar em São José.

Engenho Boa Vista
O engenho, que conta com 16 casas, está localizado a cerca de 14 km da PE 060, tendo como coordenadas geográficas do arruado 080 52´39”S e 0350 14´43” W.
Dos engenhos que fazem parte do município de São José da Coroa Grande talvez seja o que apresentava piores condições de vida para seus habitantes, não tendo escola, luz elétrica ou qualquer forma de assistência médica, fato agravado pelas péssimas condições de acesso, tornando-se quase inacessível quando em períodos chuvosos.
Dona Maria José da Silva, moradora desde 1950, é uma das quatro habitantes que tem renda fixa, oriunda de aposentadoria. Os demais moradores não tinham renda e alegavam ser impedidos de plantar ou criar pelos rendeiros do engenho.

Engenho Boca da Mata
O engenho, que está localizado a cerca de 19 km da PE 060, conta com cerca de 20 casas, sendo a metade construída de forma geminada.

Engenho Pau Amarelo
O engenho Pau Amarelo está situado na extremidade oeste do município de São José da Coroa Grande, a cerca de 24 km da PE 060, sendo o arruado localizado em terras no estado de Alagoas, ficando em Pernambuco apenas algumas casas e a escola municipal.

Engenho Brejão
Também conhecido como Queimadas de Cima, o engenho está situado a cerca de 4 km da PE 060, sendo uma propriedade privada da família João Francisco de Melo, com 280 hectares e 20 casas, onde além da criação de gado e ovelha são plantados 7.000 pés de coco.

ENGENHO TENTUGAL
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A simpática localidade, situada em uma várzea de terras férteis, com 1.043 hectares, encravada entre pequenos morros e cortada por riachos perenes, dentre os quais o Riacho Meireles, encontra-se a cerca de 2 km da PE 060 e 4 km da sede do município, tendo como coordenadas geográficas do arruado 080 51’ 39” S e 0350 10’ 34” W. No dia 12 de Julho de 2017 o Prefeito Pel Lages assinou a ordem de serviço da pavimentação na principal rua do engenho tentugal. 
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Confira o vídeo da ordem de serviço:
Habitantes e Costumes
O engenho possui 127 casas, distribuídas nas ruas Assembléia, Campo, Catorze, Brasilit, Estalagem e Estação, além de outros locais mais afastados da área principal, onde moram cerca de 740 habitantes.
Para passar o tempo, quando não estão trabalhando, parte dos moradores mais jovens jogam cartas e dominó ou se divertirem com conversas despretensiosas após o jantar nos terreiros das casas.

Fontes de Renda
As fontes de renda estão no corte da cana-de-açúcar, coleta de coco, criação de gado e cabras e lavouras de macaxeira, batata e hortaliças. Alguns habitantes são aposentados e outros trabalham na sede do município e nas cidades vizinhas.
A instalação de uma casa de farinha, utilizando a estrutura de uma antiga estribaria, possibilitou uma renda extra aos moradores e uma divulgação da localidade.

História
O Engenho Tentugal tem uma rica história, lá tendo nascido Júlio Celso de Albuquerque Bello, o senhor do Engenho Queimadas, que foi deputado estadual, senador e governador interino de Pernambuco e Estácio de Albuquerque Coimbra, um dos mais poderosos homens de todo o nordeste no início do século XX, tendo sido deputado estadual e federal, senador, vice-presidente do Brasil e Governador de Pernambuco.
Contam os mais antigos que em 1930, no auge das moagens da Usina Central Barreiros, além da cultura de cana-de-açúcar, eram coletados cerca de 240.000 cocos / ano, sendo embarcados em São José da Coroa Grande.
Desde 2001 que o engenho Tentugal foi desapropriado pelo INCRA, em processo relacionado com a Usina Central Barreiros, quando era arrendatário Carlos Alberto de Miranda. Entretanto, ainda em 2003 não tinha sido feita a divisão das terras, prejudicando o desenvolvimento da agropecuária pelos assentados.

Registra a história como proprietários, donos de barracão, administradores e gerentes:
Proprietários
• Manoel Firmino da Costa Barradas, Francisco Antônio Pereira dos Santos, José Francisco Bello ( arrendou ao genro João Coimbra ) e a Usina Central Barreiros.

Donos de barracão
• Octaviano, Sérgio Cardoso, Crispim e José Maia.

Administradores
• José Maria, José da Rocha, Manoel Lourenço, Artur, José Inácio, Orestes, Natalício, José Acioli, Miguel e Josias.

Gerentes
• João Francisco de Melo, “Alfredo” e Rosalves Fonseca Lins. O gerente de campo era responsável pelos engenhos Tentugal, Passagem Velha, Serra d´água, Água Fria (AL), Junco (AL), Massangana (AL), Arassú, Buenos Aires (AL), Boa Vista e Manguinhos

Atrações Turísticas
Edificações
Como lembrança dos tempos em que as locomotivas à vapor transportavam cana-de-açúcar, açúcar e mantimentos, podem ser vistas a velha estação, a casa do mestre-de-linha e as ruínas de uma ponte ferroviária.
Na casa do morador João Mata, podem ser observados um forno e um fogão construídos em barro, em bom estado de conservação e na de Amaro Antônio um pequeno forno e apetrechos de ferreiro, ainda utilizados, tal como na época das locomotivas à vapor.
Um salão onde funcionava o escritório foi restaurado e atualmente funciona o Centro Cultural Tentugal, destinado a oficina de artes e ofícios, sala de aula e fabricação e comercialização de produtos artesanais.

Passeios
Ao caminhar pelos arruados do engenho, visitando algumas construções históricas e conversando com os habitantes, os visitantes têm oportunidade de ser transportados para uma época onde a cultura da cana-de-açúcar era a principal atividade agrícola de Pernambuco.
Uma das atrações do engenho é uma bica, onde jorra água límpida vinda de uma nascente que deságua num riacho que corre sobre um leito de pedras, conhecido como “pedreiras”, situado nas margens da antiga estrada que ligava Barreiros a São José da Coroa Grande e também uma bela alameda de jambeiros que dava acesso à casa do gerente de campo.

Curiosidades
Identificação
A origem da palavra Tentugal pode ter origem em uma povoação portuguesa do século X, de nome Tentúgal, berço do Conde D. Sesnando, primeiro governador de Coimbra.
A Revolução Praieira
Uma das regiões envolvidas na revolução foi o Engenho Tentugal, que, conforme registros, indica que o então chefe de polícia de Vieira Tosta, do então presidente de Pernambuco Figueira de Melo, conforme “Crônicas da Rebelião Praieira”, cap. VI, págs 218 e 219, que “os chefes liberais passaram o dia 8 de janeiro para o Engenho Tentugal, na freguesia do Una, pertencente aos herdeiros do falecido Ten.Cel Francisco Antônio de Albuquerque Pereira dos Santos, todos decididos praieiros, a fim de consertarem seus criminosos planos”.
Para tomarem Barreiros, saíram de Tentugal em 10 de janeiro de 1848 cerca de 500 homens, comandados por Félix Peixoto, quando mais de 100 mortos chamaram a atenção de Nunes Machado e Antônio Afonso, pelo preço da liberdade.
Em Tentugal, conforme ordem de Félix Peixoto, datada de 14 de julho de 1848, foi nomeado Belisário Adolfo como Major do primeiro Batalhão de Emigrados e Francisco Antônio como seu Major Ajudante de Ordens.
A Revolução Praieira foi um movimento social e também nativista, entre os conservadores ( ricos, aristocratas e reacionários ) e os liberais, chamados de praieiros ( operários, humildes e intelectuais ), tendo sido originada com a queda do gabinete dos conservadores em 1843, culminando com a proposta de expulsão dos portugueses e operários estrangeiros, além da proibição da importação de produtos estrangeiros que pudessem ser fabricados no Brasil..
Em 22 de janeiro de 1849, decidiram os praieiros deflagarem uma luta, partindo de Água Preta, para tomarem o governo da província, tendo como líderes, entre outros, Pedro Ivo, Borges da Fonseca, João Roma, Nunes Machado e Antônio Afonso. Os praieiros foram derrotados em 02 de fevereiro e Nunes Machado morreu em combate.

Fábrica de Escravos
O avô materno de Júlio Bello, Sto Mor Francisco Antônio de Albuquerque Pereira dos Santos, tinha uma fábrica de escravos no seu Engenho Tentugal, conforme relatado no livro “Memórias de um Senhor de Engenho – Júlio Bello, pág 9“.
Cabanos
Em 1832 / 1833, o Sto. Mor Francisco Antônio de Albuquerque Pereira dos Santos foi para o sul da província em perseguição aos chamados “Cabanos”, que infestavam a região, quando passou em Tentugal, que na época era povoação de Barreiros e freguesia do Una, ficando deslumbrado com a região, tendo logo depois comprado o engenho de Manoel Firmino da Costa Barradas.
Planta de Situação

ENGENHO MORIM
A propriedade está localizada a cerca de 6 km da PE 060, considerando o acesso através do Engenho Tentugal, mas também pode ser acessada através da cidade de Barreiros, pelo Engenho Campinas, tendo como coordenadas geográficas da casa grande 08052’00” S e 035012´28”W.
Possui uma área de total de 1.029 hectares, dos quais aproximadamente 600 hectares são constituídos de área de preservação permanente contemplando mata atlântica e margens de rios e riachos.
História
Conforme dados do “Plano de Preservação dos Sítios Históricos do Interior”, elaborado pela FIAM, o Engenho Morim foi fundado no século XVIII, pela Baronesa de Gindahy.
As construções existentes contemplam a casa grande, estábulo, banheiro de carrapaticida, estrumeira, moita e casas de moradores, que conservam as linhas arquitetônicas originais. Também pode-se observar as ruínas da capela, em frente à casa grande.

Trata-se de uma propriedade de inestimável valor histórico, por ter sido a casa de morada no Dr. Estácio de Albuquerque Coimbra, maior empresário da região e proprietário da Usina Central Barreiros e político que ocupou por duas vezes o governo de Pernambuco, sendo interinamente em 1911 e depois eleito em 1926, tendo sido ainda vice-presidente da república entre 1922 e 1926.
O Dr Estácio de Albuquerque Coimbra casou com Joana Castello Branco, filha e herdeira do então proprietário Major Francisco Ferrão Castello Branco, tomando posse da propriedade e adquirindo terras vizinhas, fazendo do Engenho Morim um latifúndio dos mais belos e produtivos.
Fontes de Renda
No final do século XX, a principal fonte de renda estava na atividade da pecuária centrada na criação de búfalos.
Meio Ambiente
Na mata atlântica são encontradas espécies da flora nativa como sucupira, maçaranduba, urucuba, praiba, pau de jangada, embiriba, cupiuba, pau d´árco, favinha, caboatã, jitai, camaçari, bulandi, murici, sambaquim, pau pombo, visgueiro, louros, acácia-negra, babaçu, seringueira, carnaúba e castanha-do-pará, dentre outras. Quanto à fauna, são encontradas espécies como papa mel, tamanduá, preguiça, quati, tatu, furão, cutia, paca, porco do mato, araponga, pintor, canário-da-rterra, sabiá da mata e cassaca de couro.
Cronologia de Posses
Conforme registros de documentos em cartórios, foram obtidas informações que restauram parcialmente a história do engenho com relação aos proprietários e transmissões de posse, que eram feitas por partes, conforme documentos:
• 1882: De Francisco Ferrão Castelo Branco para herdeiros Briandina de Paula Castelo Branco e Joana Castelo Branco Coimbra ( menor )
• 1900: De Espólio do Cap. Carlos Roberto Tott, na pessoa do inventariante Lourenço Guedes Alcoforado, representado pelo advogado Dr. José Nicolau Pereira dos Santos, para Estácio de Albuquerque Coimbra.
• 1907: Transferência de crédito de Carlos Augusto Gomes Leal, sócio da firma Leal Irmão & Cia, para Estácio de Albuquerque Coimbra.
• 1908: De Cel. Minervino Nominando de Gusmão para Estácio de Albuquerque Coimbra
• 1916: De Cap. Manoel Castelo Branco e sua mulher Almerinda Lins Castelo Branco para Estácio de Albuquerque Coimbra.
• 1917: De Estevam Paes Barreto Ferrão Castelo Branco para Estácio de Albuquerque Coimbra.
• 1953: Arrendamento de Joana de Castelo Branco Coimbra e João Coimbra Neto para José Maria Gomes.
• 1958: Locação de Joana Castelo Branco Coimbra e João Coimbra Neto para Usina Central Barreiros
• 1960: De João Coimbra Neto para Nair Coimbra de Magalhães Castro e seu marido Francisco de Magalhães Castro e D. Maria Alice Coimbra da Silveira e seu marido Guilherme da Silva Filho
• 1968: De herdeiros de Estácio Coimbra para Heinz Spiegelberg.
• 1971: De espólio de Joana Castello Branco Coimbra, Francisco Magalhães Castro e sua mulher e Guilherme da Silveira Filho e sua mulher, para Heinz Spiegelber e sua mulher Aurenita Lundgren Spiegelberg.
• 1976: venda de 7,5 hectares do Engenho Morim para Hermenegildo de Queiroz da Silva
• 1977: venda de 42,17 hectares para Alfredo Jerônimo da Silva e outra área de 42,2 hectares a José Vicente Ferreira.
• 2003: venda de 1029 hectares para Diógenes de Oliveira Paes Barreto e José Lourenço de Oliveira Neto.
Planta de situação
Planta Baixa da Casa Grande
Planta Baixa da Capela – em ruínas

CONFIRA O VÍDEO  DA VISITA DO BLOGUEIRO AO ENGENHO MORIM

Outros Engenhos
No município de São José da Coroa Grande estão localizados engenhos que dividem suas terras com os municípios de Maragogi ( AL ) e Barreiros ( PE ), à exemplo dos engenhos Pau Amarelo e Buenos Aires.
O Engenho Buenos Aires, de 1.279 ha, foi arrematado da massa falida da Usina Central Barreiros, em 2000, por Celso Sarmento e Rodrigo Omena, dele fazendo parte o Engenho Boa Vista.
Merecem registros ainda os engenhos Mundo Novo e Gindahy ( grafia com “hy” ), que estão localizados a cerca de 9km e 20km da PE 060, respectivamente, sendo ambos compostos por casas soltas.
Fazenda São Francisco
A Fazenda São Francisco é uma propriedade privada pertencente a José Rinaldo Pimentel, com 280 ha, adquirida de Mamede Martins da Silva Filho em 1998, limitando-se com os engenhos Queimadas, Arassú, Tentugal, Serra d´Água e Morim.
A fazenda possuía 580 ha quando foi adquirida pela Usina Central Barreiros em dezembro de 1945, tendo depois 200 ha desapropriados pelo INCRA.


Fonte: museu do una
Atualizado por Portal de Noticias São José

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