A balconista Elenilza Mariana de Oliveira, 25 anos, disse com exclusividade ao G1 que o atirador queria sair com ela da igreja para não chamar a atenção de policiais que estavam do lado de fora. Ela acredita que ele estivesse fugindo dos policiais e queria usá-la como escudo para a fuga , "Não o conhecia, ele não tentou me roubar. Acho que [estava] tentando fugir da polícia, foi para dentro da igreja. Aí me abordou para sair com ele para não dar muito na cara para o policial. Aí, na hora que ele viu o policial, eu fiz cara de medo e os policiais perceberam. Aí abordaram ele e começou a dar tiro nos policiais", disse a balconista chorando.
Elenilza está prestando depoimento à polícia no começo da noite desta sexta-feira (4). "Estou machucada no olho e na cabeça por causa da pancada", disse ela.
A jovem foi feita refém pelo atirador Luiz Antonio da Silva, 49 anos, quando estava dentro da Catedral da Sé, no Centro de São Paulo Ela rezava quando foi abordada por ele. Segundo o segurança da igreja, João do Nascimento, os dois chegaram a ficar ajoelhados fazendo uma oração nos fundos da catedral e começaram a discutir, incomodando as outras pessoas que estavam no local. Nascimento pediu que os dois saíssem de lá e os acompanhou até a escadaria.
Do lado de fora, um tiroteio resultou na morte do atirador, atingido pela polícia, e do morador de rua Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, de 61 anos, que tentou ajudar a mulher e foi baleado por Silva. Segundo a PM, o atirador tem várias passagens na polícia por roubo, furto, dano, lesão corporal, tráfico e fuga da cadeia e já cumpriu 22 anos de prisão. O caso será registrado no 1º Distrito Policial, na Sé.
Ainda de acordo com o relato dele, do lado de fora da catedral, eles começaram a discutir e Luiz Antonio começou a agredir a mulher. "Esse casal chegou até a igreja, eles entraram, ficaram de 15 a 20 minutos. Eles estavam discutindo. A gente percebeu que ele estava insistindo muito com ela. Ela queria sair, ele quase não deixava. Eu passei para meus companheiros 'vamos ficar espertos que vai dar problema'."
Nascimento disse ainda que "ficamos atentos. Eles saíram da igreja. Em seguida, ele a agrediu, veio dois policiais que estavam fazendo ronda aqui na frente. Perceberam que ele tinha agredido a mulher e subiram. Resultado: os dois policiais deram voz de prisão a ele. Aí, no momento ele a abraçou e fez um disparo em direção aos policiais."
O segurança fechou as portas da catedral, pois havia 80 crianças fazendo visitas no loca. "Aí foi na hora que a gente ouviu o barulho dos disparos, o que fizemos, fechamos a catedral. Aí depois não deu pra ver mais nada", disse ele.
mantida refém não teve ferimentos. Os bombeiros afirmam, no entanto, ter levado uma pessoa para o pronto-socorro da Santa Casa. Um homem que vendia terços em frente à catedral foi atingido no braço por um tiro de raspão. Ele não quis receber atendimento médico.
Segundo o major Emerson Massera, caberá à perícia dizer se o morador de rua foi atingido por disparos da Polícia Militar, mas ele considera essa hipótese remota. "A sensação que a gente tem vendo as imagens é que quem acerta o morador de rua é o bandido. O barulho dos disparos, inclusive é diferente, de 38 e de ponto 40. Segundo Massera, é possível ver que após receber os disparos, o homem permanece em pé por certo tempo, outro sinal de que não recebeu tiros da polícia. "Se ele tomasse tiro de ponto 40, cairia na hora", afirmou.
Massera disse que diante do risco de morte de outras pessoas, mais de dois policiais atiraram contra o homem que mantinha a mulher refém. Ele disse ter sido possível ouvir pelo menos 13 disparos, mas não descarta a possibilidade de terem sido mais. "Os policiais atiraram simultaneamente por haver risco de morte", afirmou.
Segundo Massera, a polícia já havia cercado o local e estava negociando com o homem a libertação da refém, mas o morador de rua conseguiu furar o cerco. "Tinha todo um aparato no local, que estava isolado", afirmou.
A polícia trabalha por enquanto com a hipótese de que a mulher era frequentadora da igreja e foi abordada por um criminoso que a manteve refém. Há também a hipótese, muito mais fraca, de que pudesse haver uma briga de casal.
Testemunha
O supervisor de vendas Ricardo Ferreira Silva estava no horário de almoço e presenciou o crime. Ele contou que a mulher conseguiu sair correndo quando o morador de rua abraçou o suspeito. Ela se abrigou atrás de uma pilastra da catedral. A mulher teve ferimentos na cabeça porque, de acordo com a testemunha, levou coronhadas. “Parecia cena de filme”, afirmou Silva.
Duas armas estavam na escadaria, ao lado dos corpos, por volta das 16h10. Os peritos concluíram os trabalhos e os corpos foram retirados às 17h30. Tanto o criminoso quanto o morador de rua eram conhecidos na região da Sé, segundo testemunhas ouvidas pelo G1. De acordo com os relatos, o morador de rua Francisco Erasmo Rodrigues de Lima pedia dinheiro no entorno da praça e dormia em um abrigo.
Fonte
G1.com.br
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